quinta-feira, 30 de março de 2017

Rio Grande do Sul

Apesar da proposta do blog ser uma espécie de "diário de bordo", a viagem  para o Rio Grande do Sul aconteceu no final  2014.
O ano de 2014 foi o inicio deste planejamento. Com férias vencidas, resolvi testar este roteiro saindo de viagem e indo direto para o Rio Grande do Sul, percorrendo os trajetos propostos. 

Como avaliação e teste, descobri que nem tudo é como planejamos, algumas cidades foram incluídas no roteiro e algumas foram excluídas.

O tempo da viagem planejada para 28 dias acabou acontecendo em 21 dias. Acontece que ao chegar a uma cidade, estando sozinho, o tempo planejado para conhecer a cidade, seus atrativos, acabou que durou menos tempo do que eu pensei, motivo pelo qual o tempo da viagem foi reduzido. Esta informação foi importante pois altera um pouco toda a programação, permite mais calma para conhecer os locais. De qualquer forma a avaliação é de que 90% do planejado deram certo.


Infelizmente eu perdi as fotos onde registrei belas imagens e vídeos, principalmente da Lagoa dos Patos e da charmosa cidade de Mostardas. do por do sol no morro de Santa Tereza em Porto Alegre, entre tantas outras. Ficou apenas os registros de Cambará do Sul com seus cânions impressionantes. 


O resumo desta viagem, como roteiro, curiosidades, custos financeiros, km rodados, avaliações das estradas, tentarei recordar e compartilhar mesmo que tardiamente neste "Diário", tarefa esta difícil porque a proposta é que o "diário" seja um companheiro de viagem, mas como esta viagem foi um teste do que eu estava planejando quero deixar registrado.

Outro  teste foi ter criado um grupo de wzaap entre amigos de diversas cidades que me acompanharam durante os 21 dias, muitos deles não se conheciam e foi super divertido compartilhar o dia a dia, ler os comentários, avaliar as  sugestões, rir de situações inusitadas que acabaram surgindo entre os participantes do grupo, principalmente quando eu não postava nada e ai o grupo se falava entre eles e eu deixava de ser o protagonista e virava o espectador. Ou seja, me diverti de muitas formas.

Neste link estão as rotas das estradas e das cidades por onde passei. Todas as estradas muito bem conservadas. A maioria das estradas entretanto possui pedágio, como neste caso a conservação das estradas foi muito satisfatória, o pagamento por este serviço fica secundário, ruim é quando pagamos e não temos o retorno, não foi o caso, posso afirmar que todas as estradas tinham padrão muito bom de conservação.

O primeiro dia eu sai de Itatiba/SP com a proposta de dormir em Imbituba/SC na divida com o Rio Grande do Sul, para que no outro dia, logo no amanhecer pudesse parti sentido Cambará do Sul, São Francisco de Paula, Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, Chui, Chui Uruguai, Mostardas, Porto Alegre e Torres. 


O primeiro dia foi de estrada, a proposta era ir direto para o Rio Grande do Sul saindo do interior de São Paulo. Foram pouco mais de 700 km até a divisa Santa Catarina com Rio Grande do Sul. Uma paisagem diferente, muitas plantações de arroz, um visual diferente os campos verdes e alagados.



Cambará do Sul
Já no segundo dia, entrei pelo território do  Rio Grande do Sul, subindo a serra para Cambará do  Sul, a cidade dos cânions cuja paisagem me fez lembrar das expressões: "respire, aspire e pire".


Dois parques nacionais administrados pelo Instituto Chico Mendes concentram os principais pontos visitados. No Parque Nacional de Aparados da Serra está o cânion de Itaimbezinho, cujos paredões chegam a 720 metros de altura. Rochas cheias de fendas, aliás: em tupi-guarani, “ita” significa pedra e “aimbé”, cortante. Lá as duas trilhas são fáceis, para qualquer idade ou preparo físico.


No Parque Nacional da Serra Geral, encontra-se o cânion da Fortaleza cheio de contornos que deslumbram os turistas com ânimo para uma subida íngreme. São vales profundos, montanhas com a garganta aberta, cuja extensão gigante de 9,5 km. As araucárias parecem se equilibrar na beira dos precipícios. (informações extraídas de algum site, lamente mas não me lembro mais qual foi)




A paisagem é totalmente diferente da paisagem do interior do sudeste do Brasil. A forte tendência e costumes dos imigrantes alemães, italianos predomina. No interior do Rio Grande do Sul, a imagem do homem gaúcho com sua vestimenta, a bombacha, é muito presente. Isto sem dizer sobre o chimarrão, 
bebida quente que os sulistas sorvem com cuia e bomba.

Cambará do Sul é uma cidade típica da serra gaúcha, temperatura baixa, casarões de madeira, bons restaurantes, comida deliciosa, cantinas italianas com forte frequência da família gaúcha, com muitas variedades e opções de prato. 

O galeto assado é o  prato que mais se destaca, isto não ofusca o macarrão que é encontrado em todas as cantinas e em especial a deliciosa entrada de "sopa de capeletti", grata surpresa ao me transportar para a minha infância na casa da minha avó, vendo ela sovar a massa de macarrão, abrir com um cabo de vassoura e após o corte em quadradinhos muito pequenos, torcer e dar a aparência dos charmosos "chapeuzinhos" recheados com frango e queijo meia cura. 

Nestes 21 dias de viagem,  mesmo quando eu ia a uma churrascaria apreciar a deliciosa carne servida pelos gaúchos, eu antes de mais nada, aceitava a entrada de Sopa de Capeletti. 

A cultura da festa do rodeio, diferente na região sul, apreciei a um belo campeonato de laço com direito a muito churrasco e chimarrão.



São Francisco de Paula
Chamada carinhosamente de São Chico por seus moradores, São Francisco de Paula possui ótimas hospedagens e é ideal para quem quer curtir a Serra Gaúcha sem o glamour e a badalação das vizinhas Gramado e Canela. Para quem curte se aventurar na natureza, escolha entre o Parque das 8 cachoeiras e o parque das cascatas.

Canela
Natureza privilegiada faz da cidade uma das mais bonitas do Rio Grande do Sul, Além da natureza, o friozinho o ano todo são atrativos da deliciosa Canelas. A catedral de pedras com seus contornos pontudos são visto de vários ângulos na avenida onde a mesma esta localizada sendo a catedral um dos símbolos da cidade.

Gramado
O clima europeu da charmosa cidade de Gramado esta na temperatura que pode baixar de zero graus no inverno, mas também nos jardins de hortênsias, nas arquiteturas, na culinário e nos rostos dos moradores de origem Italiana e Alemã.

Nova Petrópolis
É sem duvida a cidade mais alemã de toda a serra gaucha, isto em função da forte influência de seus colonizadores. Esta influência destaca-se na arquitetura de suas casas, restaurantes, hotéis, na culinária e no idioma alemão constantemente falado por aqui.

Caxias do Sul
O lado histórico da cidade é marcado pela forte colonização italiana. Com uma culinária deliciosa, seja no famoso galeto em si, ou um belo churrasco cheio de acompanhamentos.

Farroupilha
Cidade cujo berço da colonização é Italiana, conhecida também como a capital do Kiwi.

Bento Gonçalves
Cantinho da Itália no Brasil, Bento Gonçalves atrai fãs de queijos e vinhos. Seus belos vales de vinhedos torna a cidade reconhecida no país pelo enoturismo, mas prepare-se pois aqui a degustação é total e os visitantes se deleitam com os rodízios de massa e galeto, com os queijos e frios artesanais, geleias e compotas caseiras além da simpatia dos descendentes dos colonos italianos. Em Bento Gonçalves me senti em casa, muita massa, muito capeletti e um delicioso churrasco. A simpatia de seu povo traduz na educação do garçom que ao notar que eu não era da cidade mas que estava interessado em conhecer os diferentes sabores do sul, teve a presteza de explicar cada corte de carne e a curiosidade do "vazio" para os gaúchos e "fraldinha" para o Brasil.

Santa Cruz do Sul
A indústria do fumo é a principal atividade econômica da cidade e movimenta a economia hoteleira. Mesmo não sendo uma cidade turística, a cidade é muito limpa, praças muito bem cuidadas, bairros repletos de casas de alto padrão.
Em Santa Cruz do Sul, também a culinária é muito bem trabalhada sempre com massas e churrascos com vários acompanhamentos.

Santa Maria
A região guarda traços fortes da colonização europeia. Polo comercial reúne shoppings e universidades. Particularmente eu acabei por não ficar na cidade. Andei mais alguns km que me levaram a uma mina de extração de potássio na cidade de Caçapava do Sul. 

Pelotas
Uma cidade linda, com um centro histórico que remete o visitante a imaginar como era a sociedade que morava por lá no século 19. O consumo do chimarrão demonstra o respeito às tradições. Os habitantes "mateiam" (tomam a erva mate) durante o dia todo e em qualquer lugar. A cidade encanta e seu povo é muito acolhedor.

Rio Grande
Cidade portuária e a mais antiga do Rio Grande do Sul. No verão os gaúchos seguem para o distrito do Cassino para curtir a praia mais extensa do Brasil. Na orla não existe infraestrutura de turismo, tudo parece um faroeste, são veículos circulando de um lado para o outro, diversos vendedores ambulantes fazem a festa dos visitantes. As águas calmas e geladas do mar convidam apenas para molhar as pernas, são raros as pessoas que se aventuram a entrar no mar.
Já no distrito, a noite a avenida principal é muito movimentada, gente bonita andando, comendo, namorando. Em Rio Grande pude constatar o ritual do chimarrão, o gaúcho pode até perder a namorada, mas não perde o chimarrão.
"Tchê", sacola de couro, garrafa térmica, cuia e bomba de um lado e a namorada do outro lado, este é o conjunto perfeito do tradicional jeito gaúcho de passear pelo distrito do Cassino.  

Chui
Dia chuvoso, frio. Uma avenida que de um lado é o Brasil e do outro nosso país vizinho o Uruguai. O extremo sul do Brasil, vale a visita pelo simples fato de estar em dois países ao mesmo tempo. Mas se for explorado você encontrará diversão e curiosidades. Crianças brincando no rio que divide os países mesmo com aquela garoa fina que caia o dia todo. Free shoppings simples mas com boas ofertas, oportunidade de encontrar bons presentes ou para um não materialista, oportunidade de vasculhar e encontrar uma peça diferente a preço satisfatório.

Mostardas
O município pela sua localização na estreita faixa de terra entre o mar e a Lagoa dos Patos, tornou-se base para expedições de jipeiros que exploram os banhados do entorno, um berço para os pássaros e outras espécies animais. De difícil acesso, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe e os faróis da Lagoa dos Patos é feito por vias de areia e terra batida, condições sujeitas a maré e ao vento. Recomendado, se não necessário, a utilização de 4x4.
Mas foi nestas condições precárias que fiz um dos mais lindo passeios pelo orla, tendo o mar a esquerda e dunas a direita. Percorri apenas 32 km, uma imensidão, uma solidão. Somente pássaros, pássaros e mais pássaros, tartarugas, aves enormes, pelicanos, pássaros que nem imagino o nome. Dirigir a 20km/h para poder apreciar toda esta exuberante beleza. O habitat não era o meu, eu estava invadindo um habitat de milhares de pássaros, por diversas vezes tive que parar para poder apreciar melhor, contemplar, era um espectador, um intruso. Foram 32km, foram 4 horas de passeio inesquecível.

Porto Alegre
Capital do estado, nada a acrescentar, uma cidade linda, um povo lindo, mesmo sendo um grande centro ainda é possível encontrar com o tradicional gaúcho, seu chimarrão e sua bombacha. Um rio que possui um por do sol deslumbrante. Arquitetura preservada, Mercado Municipal fascinante, feiras, artesanato, cultura. Tudo que um grande centro pode oferecer. Chopp super gelado, culinária deliciosa, ótimos restaurantes. Morro de Santa Teresa, uma surpresa agradável numa suposta "área degradada". Não sei classificar uma área degradada pelo simples fato da população no entorno ser de maioria simples. Não é o seu habitat, então respeite e aprecie e será respeitado. Bela surpresa Morro de Santa Teresa, lindo por do sol.

Torres
Torres é a cidade litorânea mais bonita do Rio Grande do Sul, seus penhascos na orla também fazem a paisagem ficar mais deslumbrante. Com um centro charmoso, propício para uma boa caminhada. Já quase divisa com Santa Catarina Torres é a entrada do litoral do Rio Grande do Sul.

Foram 3.250 km percorridos em território gaúcho, apenas 19 cidades conhecidas e um pouco exploradas. Diárias de hotel que variavam desde R$ 90,00 a R$ 180,00. Despesas com alimentação diária em torno de R$ 70,00 incluindo ai almoço e jantar. Alguns artesanatos tipicos e diferentes foram adquiridos pelo trajeto. Muito vinho, Bento Gonçalves me deixou zonzo com tanta degustação. Muita gente bonita e muita gente simpática, ao contrário dos primeiros comentários de que o gaúcho é um povo muito fechado, eu só me diverti, conheci muitas pessoas, namorei, dei risadas, troquei telefones, registrei fotos e imagens lindas, perdidas no tempo e na minha ignorância tecnológica, mas tudo bem, elas seguem gravadas comigo.


Rio Grande do Sul, um dia eu volto.


















terça-feira, 28 de março de 2017

Como tudo começou

À principio, nem eu mesmo sabia o que fazer e como fazer, mas me vi na contagem regressiva de uma possível aposentadoria. São 38 anos de trabalho e agora, esta perspectiva te joga para os ares. Foi assim que procurei dentro de mim o que me daria prazer de fazer quando este momento chegasse.

Sempre gostei muito de viajar, e gosto de viajar de carro, então me veio a ideia de planejar uma viagem longa, uma viagem que promovesse o desapego com minha estrutura de vida, o inacessível destino que necessariamente não tem um ponto final. 

Livre e independente, a proposta de viajar e conhecer novas culturas, conhecer pessoas, desfrutar e me lambuzar na culinária diferente que cada local pode me oferecer, despertou em mim um desejo gostoso em arriscar.

Não sei qual o meu folego para completar todos os roteiros que fui criando ao longo de 2 anos de planejamento. O que sei é que criar estes roteiros nestes dois anos foi muito divertido. 
A proposta começou com a Expedição pela América Latina e se estende pela Expedição Brasil.
Nestes dois anos viajei virtualmente pela internet, criei mais de 100 rotas de destinos, percorri todos os Estados do Brasil e todos os Países da América Latina, visitei diversos sites que me ajudaram e me inspiraram a continuar virtualmente viajando e registrando as informações uteis e as curiosidades de cada local.


Este Blog é o último passo deste planejamento. A proposta do blog é que o mesmo seja o meu “Diário de Bordo”, onde eu possa registrar os caminhos, as cidades, as curiosidades, as diversidades, as surpresas, os perrengues, as dúvidas, os medos, as superações. Sem pretensão alguma mais também que estas trilhas e estes caminhos inspirem outras pessoas a se aventurarem pelo desconhecido.



Viagem para uma viajante não é só ser um passageiro de uma aventura como também é ser o protagonista desta viagem. É poder se permitir viajar, desligar, viver, encontrar, partir e voltar pelos caminhos e descaminhos que surgirão ao longo deste desafio.
Eu vou, vamos!!!